O GALO NÃO PODE MUDAR APENAS O CALENDÁRIO
Se o Galo tivesse aprendido alguma coisa com 2024, a temporada 2025 teria terminado com menos drama e mais dignidade. Mas não: perder duas finais — Copa do Brasil e Libertadores — e ainda depender de um gol salvador do Rubens aos 73 minutos para respirar no Brasileirão foi o resumo perfeito do caos. Teve pênalti perdido de Hulk, teve sufoco, teve atleticano cogitando trocar o check-up anual por um cardiologista fixo na Arena MRV. E quem achou que aquilo era um “alerta para 2025” caiu direitinho no conto do vigário. Como já diria Ricardo Oliveira: “Mentiram, viu!”
A nova temporada começou com a genial ideia de fazer pré-temporada nos Estados Unidos, longe da Cidade do Galo, como se o problema do time fosse sol, dólar e outlets. A base começou o Mineiro daquele jeito — fazendo a Massa passar raiva logo em janeiro — e só chegaram ao hexacampeonato porque camisa pesa, e nesse país poucas pesam mais que a nossa.
Entre dispensas que demoraram e contratações que não empolgaram ninguém, o time entrou no Brasileirão tropeçando como quem acabou de levantar da cama no domingo. Perdeu para o Grêmio na estreia, empatou com sabor de derrota com Vitória e São Paulo, e até conseguiu perder para o Santos, que vive hoje um momento tão confuso que sequer deveria servir de parâmetro.
Na Sul-Americana, o show à parte: dois empates com o “poderoso” Cienciano e uma classificação em segundo lugar num grupo que parecia campeonato de society. Caracas, Iquique… faltou só um time de várzea para completar o mix. A torcida, claro, já preparava o desfibrilador para o restante da temporada.
A direção resolveu então trocar Cuca por Jorge Sampaoli, numa tentativa de colocar fogo no vestiário, no sistema tático ou em qualquer coisa que desse certo. Não deu. O elenco não tem o perfil do treinador, o treinador não tem o perfil do elenco, e a diretoria não tem o perfil de quem sabe o que está fazendo.
E não basta o caos em campo: fora dele, virou novela mexicana. Jogador acionando a Justiça, notificações extrajudiciais, cobrança, dívidas, escândalo pra tudo quanto é lado… parecia mais uma temporada de reality show do que de futebol profissional. O CSO Paulo Bracks e o diretor Victor Bagy, que deveriam controlar a situação, acabaram virando personagens centrais do colapso administrativo. Nessa o Vitor se tornou passado e não permanecerá em 2026, mas o Bracks segue na gestão.
Diante deste cenário, o Atlético encerrou a temporada com um diagnóstico claro: há necessidade urgente de reorganização estrutural e comportamental. Caso os acionistas da SAF pretendam iniciar 2026 de forma sólida e planejar objetivos mais ambiciosos para 2027, será indispensável revisar processos, qualificar a gestão esportiva e restabelecer a confiança interna e externa no projeto. O novo CEO Pedro Daniel chegou com cases de sucesso para substituir Bruno Muzzi, tendo colaborado antes em clubes como Flamengo e Palmeiras. Os donos prometem investimentos maiores, mas o torcedor anda cheio de promessas e quer ver a bola rolar e os títulos chegando.
O torcedor aguenta chuva, fila, frustração e até derrota. Mas o torcedor não aguenta é ser feito de bobo. O recado está dado: menos discurso, mais atitude. Menos promessa, mais bola. Nada muda se a direção não mudar radicalmente!