Se há uma coisa que o mundo do futebol aprendeu ao longo dos anos é que a torcida do Atlético Mineiro não é apenas apaixonada. Ela é visceral. Ela é o grito que ecoa nas arquibancadas, a força que empurra o time para além dos seus próprios limites. Ser atleticano é viver uma devoção inexplicável, um amor que transcende a lógica, uma fé inabalável que renasce, sempre, a cada vitória e, especialmente, a cada derrota.
É impossível falar do Galo sem falar do seu maior patrimônio: a massa alvinegra. Torcer para o Galo não é só apoiar um clube, é carregar nos ombros o peso de uma história feita de sofrimento e superação, de quase vitórias que se transformam em tristezas, de finais dramáticos e, acima de tudo, de um orgulho que jamais acabará. Enquanto outras torcidas surgem nos momentos de glória, a do Galo cresce na adversidade. Ela se alimenta do impossível, ela degusta o improvável. “Eu acredito!” não é só um cântico: é um mantra, uma religião.
Quando o Galo entra em campo, é impossível não sentir a energia pulsante da massa. No Mineirão, cada cadeira vazia parecia ser preenchida por fantasmas de gerações passadas que ainda torcem, ainda vibram, ainda gritam. E quando o estádio está lotado, meu amigo, o mundo inteiro para. A Arena não é apenas uma Arena futebolística, é uma catedral da fé alvinegra, onde cada grito de “Galo” ressoa como um trovão, onde cada batida de tambor faz o chão tremer. Lá dentro, o Galo se transforma. Não importa o adversário, não importa a fase. Quando o Galo joga em casa, é como se cada torcedor estivesse em campo, disputando cada bola, defendendo cada chute, empurrando o time para frente com a força da voz e do coração.
E não pense que essa paixão fica restrita às arquibancadas. O atleticano carrega o Galo no peito onde quer que vá. Seja no bar da esquina, seja em um casamento ou até em um velório, sempre há espaço para ecoar o nome do Galo.
A paixão pelo clube é uma constante na vida, ela molda amizades, alimenta discussões acaloradas e, muitas vezes, é passada de pai para filho, como um legado sagrado.
Quantos de nós não crescemos ouvindo histórias de Reinaldo, Telê Santana, e do inesquecível título brasileiro de 1971? Quantos não testemunharam o milagre da Libertadores de 2013, com Victor se tornando santo ao defender aquele pênalti com o pé, num dos momentos mais inesquecíveis da história do futebol? Foi ali, naquele instante, que o impossível se curvou diante da fé atleticana. E depois veio a consagração, a taça erguida aos céus trazia o sentimento de cruzar a linha de chegada de uma maratona interminável, onde cada quilômetro vencido representou um sacrifício feito e a vitória surge como um alívio sublime de saber que todo o caminho valeu a pena. Naquele dia, cada atleticano, de Belo Horizonte ao interior de Minas, sabia que era o dono do mundo.
Mas a verdadeira grandeza da torcida do Galo não está apenas nas vitórias. Está, sobretudo, no fato de que nunca abandona. Em meio às piores crises, nos momentos em que tudo parece dar errado, o torcedor está lá, gritando, apoiando, sofrendo. Outros podem virar as costas, mas o atleticano fica. Ele sempre fica. Porque o Galo não é só um time: é uma parte de sua alma, é um sentimento que não se explica, se vive. A torcida do Galo é infinita, porque ela vai além dos resultados, além das taças, além das derrotas. Ela é o próprio espírito do clube.
Torcer para o Galo é viver com o coração na mão, é enfrentar todas as dificuldades com a certeza de que, de alguma forma, o Galo vai superar. E quando o time levanta uma taça, não é apenas um troféu. É uma prova de que a fé compensa, de que o amor resiste, de que o Galo e sua torcida são, de fato, indestrutíveis.
Portanto, se você já teve o privilégio de estar entre a massa, de ver o Mineirão e a Arena pulsar, de sentir o corpo arrepiar com o hino do Gal ecoando pelas arquibancadas, você sabe do que estou falando. E se não sabe, bem, talvez nunca entenda. Afinal, ser atleticano não é uma escolha, é um destino. Um destino sofrido, mas sempre apaixonante.
Aqui é Galo! Sempre foi, sempre será.
Foto: Pedro Souza